O atual momento se caracteriza pelas crescentes ofensivas do governo federal à universidade pública, sendo a mais recente concretizada através dos cortes de verbas (cerca de 3 bilhões só na área da educação) resultando no atraso das obras do REUNI, carência de políticas de permanência estudantil, falta de professores concursados e adequada estrutura física. Para o próximo ano é previsto que número de estudantes na UFF passe de 29 para 40 mil, o que aumentará ainda mais os nossos problemas, já que não é previsto com aumento de mesma grandeza para a estrutura universitária, ou seja, os estudantes se inserem neste processo de expansão precarizada da universidade pública sem a capacidade qualitativa em atender as demandas reais da sociedade brasileira.
É neste cenário que se organiza na UFF o Arma da Crítica, um novo coletivo de estudantes de distintos cursos, ligado ao movimento nacional de construção do seminário de Universidade Popular e que se propõe a apresentar para o conjunto dos estudantes, comunidade universitária e sociedade um programa-movimento para ser discutido nessas eleições de DCE entre todos aqueles que estejam dispostos a construir uma alternativa concreta a estes ataques e ao crescente amoldamento da universidade pública a lógica de mercado.
PROGRAMA – MOVIMENTO NA CONSTRUÇÃO DA UNIDADE POR UMA UNIVERSIDADE POPULAR!
Chamamos de programa-movimento a constituição de uma plataforma para a UFF que discuta constantemente as demandas específicas e gerais dos estudantes e sociedade, a fim de direcionar as ações do movimento estudantil em suas prioridades e debates. Conforme já evidenciamos no atual contexto, é fundamental a formação de um bloco que se contraponha a atual implementação da suposta expansão de nossa universidade sem políticas reais de manutenção do estudante no local de estudo, sem estrutura adequada de salas de aula, contratação de professores, bibliotecas, bandejão, moradia e bolsas de auxílio que atinjam a universalidade dos estudantes e da comunidade universitária.
Se não bastasse, nos deparamos com o avanço de grupos e interesses privados dentro da própria universidade pública através dos cursos pagos. Apesar de o recente plebiscito ter se posicionado contrário à manutenção destes nichos privatistas, os mesmos continuam a funcionar com apoio da reitoria e até mesmo se expandem para outros campi como em Campos. Também existem cursos com menor arrecadação que se mantém com a justificativa de autofinanciamento da universidade. Contudo, acreditamos que tal justificativa despolitiza o debate em torno dos problemas na universidade e mais, contribui para o enfraquecimento da defesa da universidade pública ao propor a resolução de um problema de forma meramente local.
Entretanto, acreditamos que uma gestão de DCE e o Movimento Estudantil como um todo, não deve servir apenas na defesa de interesses imediatos, mas sim construir uma alternativa concreta ao atual modelo de desenvolvimento educacional a serviço da apropriação privada. Chamamos esta alternativa em constante movimento de projeto por uma Universidade Popular. Tal proposta não vem significar apenas uma maior composição da comunidade universitária pela classe trabalhadora, tampouco uma mudança das estruturas diretivas da universidade, bandeira que lutamos como o sufrágio universal. A Universidade Popular significa uma universidade construída na luta e que busque vincular as reais demandas da maioria da população de nossa sociedade, a classe trabalhadora, e o conhecimento produzido nas instituições de ensino.
Por isso defendemos que o DCE e o Movimento Estudantil projetem - com as devidas mediações - políticas educacionais que se vinculem as demandas populares. Vinculação que se contrapõe a atual lógica crescente de tratar o conhecimento, a pesquisa e em geral a educação, como uma mera mercadoria.
Quando propomos uma resistência aos ataques à universidade pública e a formulação de um projeto educacional de disputa na sociedade, significa que as lutas travadas no interior da universidade são lutas de todos e todas que almejam uma sociedade mais humana, livre e radicalmente democrática. Por isso, é prioritário que um DCE compromissado por transformações reais na vida dos estudantes projete ações de extensão e diálogo permanente com a comunidade no entorno da universidade, principalmente com setores organizados dos movimentos populares. As incorporações de bandeiras populares podem decisivamente contribuir para um maior acúmulo na correlação de forças em prol de todos que resistem aos ataques e ao atual modelo mercadológico de universidade.
PELA CONSTRUÇÃO DO DCE PELA BASE!
No que concerne à organização do DCE, é fundamental o compromisso de independência frente a governos, reitorias e partidos a fim de garantir a pluralidade do próprio Movimento Estudantil. Para nós, o DCE não deve ser uma máquina a serviço de um grupo político, mas um instrumento de lutas, debates e socialização dos estudantes, por isso os fóruns do DCE devem ser amplamente divulgados e ter uma periodicidade, desde a assembléia geral de estudantes até as reuniões de diretoria. Acreditamos que o espaço prioritário na organização do Movimento Estudantil na UFF deva ser o Conselho de CA´s e DA´s com poder de deliberação em paralelo com um amplo esforço e campanha de organização de CA´s e DA´s independentes na universidade.
Ressaltamos que a pluralidade e os debates é uma característica extremamente positiva no Movimento Estudantil e na própria formação de seus militantes, reforçamos que esta tradição democrática deve ser revitalizada principalmente através do fortalecimento das entidades de base no cotidiano dos estudantes.
SOBRE A UNE
As eleições de DCE da UFF também servirão como tiragem de delegados para o congresso da UNE que ocorrerá no mês de julho em Goiânia. É de suma importância o debate em torno a relação dos estudantes com esta entidade que no passado gozou de grande legitimidade e protagonismo em importantes lutas em defesa dos estudantes e do exercício democrático em nosso país. Contudo, infelizmente a UNE vem se caracterizando por um crescente amoldamento ao consenso conservador se atrelando a governos e partidos, a total ausência de formulações educacionais para a sociedade brasileira e o silêncio criminoso em relação a diversas lutas e problemas que afetam a educação de milhares de estudantes.
Com a constatação deste cenário, diversos grupos bem intencionados vivem uma encruzilhada, alguns optam por uma construção de uma entidade aparentemente livre e paralela a UNE, caindo em um simplismo de que o problema do Movimento Estudantil perpassa pela a troca de uma direção traidora e pelega por uma outra que seja boa e combativa, refutamos esta tese ao compreender a realidade em sua totalidade e reconhecer que os problemas do Movimento Estudantil estão em seu todo e que passam pelas partes que se remetem a ausência de formulações alternativas e a práticas conservadores que afetam até mesmo grupos que se dizem de esquerda. Também existem visões que a mudança dos rumos da UNE se passa por uma mera disputa de cargos internamente na entidade,
UTILIZE A CRÍTICA, VENHA CONSTRUIR O PROGRAMA-MOVIMENTO!
É com base nestes pressupostos que convidamos a todas as pessoas, coletivos e organizações que se identificarem a construírem um Movimento Estudantil crítico, conseqüente e democrático a participarem dos debates e mobilizações com a finalidade de construirmos coletivamente uma real unidade tendo como eixos a defesa dos interesses dos estudantes e que se contraponha ao atual modelo educacional mercadológico.
Contato: armadacritica@hotmail.com
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