O debate sobre a proposta da Universidade Popular se dá em meio à discussão sobre os rumos da luta de classes no Brasil, num contexto em que há mais aportes de recursos federais para a expansão do sistema universitário público e pressões populares para a entrada no ensino superior, marcados, no entanto, por uma indução à flexibilização dos currículos, pelo avanço de diferentes formas de privatização da Universidade e pela precarização geral das condições de trabalho e ensino nas instituições de ensino superior, principalmente no âmbito da graduação. Permeia, também, o debate em torno da Universidade Popular, o debate sobre os limites da Autonomia universitária, assim como o papel político, econômico e cultural da universidade.
Deve ser criado, assim o Movimento Nacional por uma Universidade Popular, balizado pelos seguintes princípios:
- A Universidade Popular deve ser uma instituição de não-mercado, tendo seus esforços de ensino, pesquisa e extensão definidos a partir das necessidades do país, das demandas da maioria da população, da classe trabalhadora.
- deve ser estatal, gratuita, de acesso universal; o sistema universitário público deve passar por uma franca expansão, balizada, entretanto, e necessariamente, pela exigência de alta qualidade;
- deve ser amplamente democrática, entendendo que, por ser uma instituição complexa, sua condução deve ser exercida de forma colegiada, respeitando-se suas características intrínsecas e contemplando-se todos os seus segmentos, assim como as principais representações da sociedade civil;
- deve ser financiada plenamente pelo orçamento federal, garantidos os recursos para sua correta manutenção e sua franca expansão;
- deve ser autônoma, devendo ser criado o sistema nacional de universidades autônomas, para a garantia de elevados padrões de qualidade para todas as instituições, em meio à sua diversidade;
- deve ser engajada, ter papel político na luta pelas transformações sociais, disputando a hegemonia cultural, política e ideológica a partir de posicionamentos e iniciativas anticapitalistas e socialistas;
- deve ser balizada por um projeto de desenvolvimento nacional voltado para a maioria da população, para os segmentos menos favorecidos e com dificuldades especiais, apontando para a superação do capitalismo e para a construção da nova sociedade e do novo homem, sustentado técnica e cientificamente por sua capacitação interna;
- deve buscar o diálogo com o saber popular, reconhecendo-o, organizando-o e devolvendo-o à população para seu domínio e usufruto;
Institucionalmente, a Universidade Popular organizará o seu trabalho nos eixos do Ensino, da Pesquisa e da Extensão de acordo com sua definição e finalidade. Assim, a UP deverá ter:
- Ensino crítico, voltado para a formação plena do estudante, para a formação da consciência crítica e para o papel transformador da realizada a ser desempenha no futuro exercício da profissão; o ensino deverá estar diretamente ligado aos esforços de pesquisa e de extensão, em sentido amplo;
- seus esforços de Pesquisa voltados prioritariamente para a solução dos grandes problemas do país e da classe trabalhadora;
- seus esforços de extensão organizados em grandes eixos de ação, envolvendo o conjunto das instituições, para atuação direta junto à sociedade privilegiando a atuação junto às camadas menos favorecidas, visando à criação de modelos para a solução de seus problemas mais graves; através das ações de Extensão, a Universidade Popular auxiliará na promoção do acesso de todos ao patrimônio cultural organizado socialmente, e, ao mesmo tempo, buscará estudar, preservar e divulgar a cultura popular.
Fonte: ujc.org
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