domingo, 27 de março de 2011
Maria Cega
Maria é uma mulher, de trinta e tal. Não sorri, não ama, não chora. Ela é a Maria sem João, sem Pedro, sem Nicolau. Ela vivia uma vida vazia, sem os filhos, sem os pais, sem a saudade... por que assim foi criada pelo mundo, e não reclamou sempre das coisas que lhe faltaram. Aceitou bem o escuro e ali caiu e ficou, ela perdeu a fé, e nunca teve mais. Lhe chamaram de vaca, de burra, de decadente. Eu a olhei nos olhos e esperei algo que dissesse. O silêncio preferiu alertar, e assim foi. A Maria da Paixão, esqueceu de lembrar, e os outros lá fora não sentiram nada. Nem a falta, nem a saudade que ela já havia rejeitado.
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